profissional odontológico infantil

Saúde oral das crianças

Uma vida saudável começa com o primeiro dente de leite. A saúde oral das crianças depende de muitos fatores e é cuidada por odontopediatras, que também se dedicam à garganta e zona do maxilar das crianças (pequenas) e dos adolescentes. Cuidados importantes a ter em atenção nesta área incluem a profilaxia na prevenção das cáries, usar flúor na infância, o tratamento e a abordagem à cárie dentária nas crianças e em dentes desalinhados devido ao risco de cárie.

  • Desafios na saúde oral das crianças

    Uma alteração importante na saúde oral das crianças é a mudança dos dentes de decíduos para permanentes. Os incisivos centrais inferiores normalmente são os primeiros a representar os dentes de leite. Surgem nos bebés entre o sexto e o oitavo mês de vida, seguidos pelos incisivos superiores e laterais, entre o oitavo e o 12.º mês. Seguem-se os molares da frente, superiores e inferiores, antes de os caninos decíduos se desenvolverem, por volta do 16.º mês. Fica concluída com os molares de leite de trás, entre o 20.º e o 30.º mês.

    explicação de saúde infantil

    A mudança de dentes começa por volta dos cinco anos. As raízes dos dentes de leite desfazem-se com a erupção do segundo dente. Este processo continua até ao início da adolescência. Os dentes de leite normalmente são substituídos por dentes permanentes pela mesma ordem em que surgiram.

    No processo de desenvolvimento dos dentes, as crianças e os Profissionais de Saúde Oral enfrentam muitos desafios. Os dentes de leite e os dentes permanentes recentes não estão totalmente mineralizados no início, pelo que têm tendência para desenvolver cáries e precisam de muitos cuidados e de proteção, como por exemplo o flúor. Por este motivo, os Profissionais de Saúde Oral recomendam mudar para um dentífrico com um aporte de flúor mais elevado (1400-1500 ppm) a partir dos seis anos.

    explicação de saúde infantil

    A tendência dos pacientes mais jovens para ingerir alimentos açucarados e bebidas doces normalmente é a base do desenvolvimento de cáries na primeira infância. Este quadro clínico é discutido em pormenor na secção seguinte. O consumo excessivo de açúcar é um problema comum que não afeta só as crianças. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um consumo diário não superior a 50 gramas de açúcar. Contudo, atualmente, um indivíduo chega a consumir, em média, até 100 gramas de açúcar.1 Isto é especialmente problemático nas crianças. A quantidade de açúcar consumida está intimamente associada ao índice de cáries (CPOD), e uma dieta pobre em açúcares é fundamental. 2

    Outro desafio da saúde oral nas crianças e nos adolescentes é o desalinhamento frequente dos dentes. O desalinhamento dos dentes não tratados pode conduzir a uma diversidade de problemas, tais como:

    • dificuldade em comer;

    • possíveis defeitos nos dentes e desgaste dos dentes devido à carga excessiva e incorreta em determinados dentes, podendo causar a fratura dos mesmos;

    • enfraquecimento do maxilar e dos músculos do maxilar;

    • problemas na fala;

    • higiene oral difícil e, consequentemente, um risco acrescido de cáries e de gengivite.

    Mas não são apenas os dentes desalinhados não tratados que constituem um desafio para a saúde oral. A higiene oral é essencial para as crianças e para os adolescentes que estão a fazer tratamentos ortodônticos. Devido aos aparelhos fixos, algumas áreas na cavidade oral são muito mais difíceis de alcançar para uma correcta higiene oral, e os produtos de higiene oral convencionais podem não ser suficientes. O profissional de saúde oral que segue o tratamento deverá sugerir acessórios especiais, tais como:

    • escovas de dentes especiais concebidas para limpar os dentes sobre os aparelhos e outros dispositivos ortodônticos e em torno destes;

    • passadores para a utilização de fio dentário;

    • escovas interdentais adequadas para uma limpeza ideal dos cantos e ângulos difíceis de alcançar.

    Em geral, observa-se frequentemente uma higiene oral inadequada nas crianças e nos adolescentes devido à indiferença, à falta de supervisão e à falta de destreza manual e de capacidades motoras. Este é um grande desafio para o Profissional de Saúde Oral que faz o tratamento. A comunicação com o pequeno paciente é importante, no entanto as crianças não são adultos pequenos. A comunicação com os pais é muito importante, especialmente no caso das crianças pequenas.

    ¹ Diretrizes: Consumo de açúcar para adultos e crianças. Genebra: Organização Mundial da Saúde; (2015)

    ² https://bdigital.ufp.pt- mono_pedrocarneiro[1] Prevalência de cárie dentária em crianças com excesso de peso e obesidade; https://eg.uc.pt; Cárie dentária em crianças; Índices cpo-d - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA -FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA; https://comum.rcaap.pt INSTITUTO UNIVERSITÁRIO EGAS MONIZ MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA HÁBITOS ALIMENTARES E A SUA RELAÇÃO COM A CÁRIE DENTÁRIA DAS CRIANÇAS OBSERVADAS NA CONSULTA DE ODONTOPEDIATRIA;

     

  • Doenças comuns em crianças

    Cáries na primeira infância

    A cárie na primeira infância é uma forma generalizada de cárie dentária. Trata-se de uma das doenças crónicas mais comuns na infância, e é um problema. A cárie na primeira infância é cinco vezes mais comum do que a asma e sete vezes mais comum do que a febre dos fenos em crianças em idade pré-escolar.

    O quadro clínico da cárie na primeira infância pode ser dividido em três graus diferentes de gravidade, que se baseiam essencialmente no padrão de cárie:

    • cárie na primeira infância de tipo I: forma leve a moderada nos molares decíduos;

    • cárie na primeira infância de tipo II: forma moderada a grave caracterizada principalmente por lesões nos incisivos do maxilar superior;

    • cárie na primeira infância de tipo III: forma grave em que quase todos os dentes de leite são afetados.

    Há diferentes causas para o desenvolvimento de cáries na primeira infância. As cáries na primeira infância desenvolvem-se, quando instaladas bactérias cariogénicas na cavidade oral . No entanto, esta situação dificilmente se pode evitar. Assim, devem ser confirmados os outros fatores de cáries, tais como:

    • o consumo frequente de alimentos açucarados por parte da criança pelo biberão;

    • o consumo frequente de doces entre as refeições;

    • uma higiene oral inadequada;

    • um fornecimento irregular e / ou insuficiente de flúor.

    Infelizmente, as cáries na primeira infância ocorrem mais frequentemente em famílias socialmente desfavorecidas. É fundamental que os pais tomem consciência dos riscos numa fase inicial.

    Um percurso grave da cárie na primeira infância termina frequentemente com a extração de dentes de leite. É importante tratar as cáries na primeira infância na fase inicial ou contrariá-las numa fase inicial, tomando medidas preventivas. Não é incomum a cárie na primeira infância só ser resolvida com anestesia geral, devido ao número de dentes afetados e à gravidade dos danos.

    Hipomineralização incisivo-molar (HIM)

    A odontopediatria acompanha há muitos anos o quadro clínico da HIM, também conhecida por «dentes de giz» ou «molares de queijo». A HIM descreve uma hipomineralização sistémica de um a quatro dos primeiros molares permanentes, com ou sem envolvimento dos incisivos. A gravidade da doença varia muito. Os dentes afetados podem apresentar opacidade ou descoloração consideráveis, ou até uma perda significativa de esmalte.

    Em relação à severidade da HIM, Mathu-Muju e Wright, em 2006, propuseram uma classificação baseada em 3 estadios:(8) (11)

    • HIM ligeira- As opacidades estão localizadas em áreas livres de tensão, o esmalte afetado não apresenta lesões de cárie associadas, não há queixas de hipersensibilidade e o envolvimento dos incisivos é por norma suave, quando presentes. HMI moderada- As opacidades estão presentes quer nos molares quer nos incisivos, há FEPE em uma ou duas superfícies sem envolvimento das cúspides.
    • HIM severa- Presença de FEPE, o esmalte afetado apresenta cárie associada e de rápida progressão, existe história de sensibilidade dentária e preocupações estéticas.

    Critérios de classificação de acordo com a severidade. Adaptado de Lygidakis et al., 2010.(5)(11)
    Graus de severidade Descrição

    Ligeira
    Apresentam opacidades demarcadas, sem fraturas de esmalte, com sensibilidade ocasional a estímulos externos, como ar e água, mas não à escovagem.
    Severa
    Presença de opacidades demarcadas, com fratura de esmalte, cárie, hipersensibilidade persistente ou espontânea afetando a função, por exemplo, na escovagem.
    Estão também associadas fortes preocupações a nível
    estético, que podem apresentar repercussões a nível
    sociopsicológico.

    A gravidade da HIM aumenta em crianças mais velhas, pelo fato de o dente estar na boca durante mais tempo, o que aumenta as probabilidades de os defeitos progredirem para estadios mais avançados.7,11
    Uma HIM diagnosticada representa um grande desafio para o profissional de saúde oral, assim como sendo fundamental para a higiene e saúde oral futura do paciente.

    Fluorose

    Nas crianças em idade pré-escolar, a quantidade excessiva de flúor sistémica durante um longo período de tempo poderá conduzir a alterações na superfície do esmalte do dente e por baixo desta. Estas fluoroses no esmalte manifestam-se muitas vezes em áreas brancas e opacas nos dentes; as alterações amareladas ou acastanhadas também podem ocorrer raramente. As alterações no esmalte dos dentes em fluorose são pintas ou riscas simétricas, delimitadas indistintamente.¹¹ No entanto, estas alterações são irrelevantes para a função e saúde dos dentes. As fluoroses podem ocorrer desde os primeiros meses até aos seis a oito anos de vida. O período entre o sexto e o 24.º mês parece ser fundamental para a ocorrência de fluorose nos dentes anteriores.¹² Há um risco acrescido de fluorose, especialmente quando se utilizam comprimidos de flúor ou sal refinado com flúor ao mesmo tempo que há um aumento da quantidade de flúor na água para consumo, e caso ocorra um aumento da deglutição de dentifrícios que contêm flúor.

    Quanto à frequência da fluorose, os valores variam muito em todo o mundo. Um aspeto muito importante relativo à incidência de fluorose do esmalte nas crianças das diferentes regiões é a quantidade de água para consumo fluorada. Em todo o mundo, foi resumida na literatura uma frequência de fluorose entre 16,7 % e 32,2 %.(13) Na fluorose existe histórico de exposição a níveis elevados de flúor. (16)(8,14) As opacidades observadas nos dentes afetados por fluorose são difusas e irregulares, enquanto na HIM estas opacidades são demarcadas.(43) Além disso, na fluorose as lesões são simétricas e bilaterais e a estrutura do esmalte é resistente ao desenvolvimento de cáries, ao contrário do que acontece com a HIM.(4,15,8,14)(11)

     

    4- Garg N, Jain AK, Saha S, Singh J. Essentiality of early diagnosis of molar incisor hypomineralization in children and review of its clinical presentation, etiology and management. Int J Clin Pediatr Dent [Internet]. Setembro de 2012 [citado 10 de Setembro de 2019];5(3):190–6. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25206166

    5- Lygidakis NA, Wong F, Jälevik B, Vierrou AM, Alaluusua S, Espelid I. Best Clinical Practice Guidance for clinicians dealing with children presenting with Molar-IncisorHypomineralisation (MIH): An EAPD Policy Document. Eur Arch Paediatr Dent.2010;11(2):75–81.

    6 Borutta et al. Explanatory Model of Early Childhood Caries. Oral prophylaxis & pediatric dentistry 32, 58-63, (2010).

    7 (50) - Americano GCA, Jacobsen PE, Soviero VM, Haubek D. A systematic review on the association between molar incisor hypomineralization and dental caries. Int J Paediatr Dent [Internet]. Janeiro de 2017 [citado 10 de Setembro de 2019];27(1):11–21. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27098755

    8- Almuallem Z, Busuttil-Naudi A. Molar incisor hypomineralisation (Mih) – an overview. Br Dent J. 2018;225(7):601–9.

    9 Zhao D, Dong B, Yu D, Ren Q, Sun Y: The prevalence of molar incisor hypomineralization: evidence from 70 studies. Int J Pediatr Dent (2017).

    10 Petrou et al.: Prevalence of molar-incisor-hypomineralization among school children in four German cities. Int J Pediatr Dent 24 (6), 434-440 (2014). 11 Meyer-Lueckel et al., Effects of fluoride tablets on caries and fluorosis occurrence among 6- to 9-year olds using fluoridated salt. Community Dent Oral Epidemiol, 38: 15-323 (2010).

    11 . Hipomineralização incisivo-molar em Odontopediatria - https://repositorio.ul.pt PDF de EMF Barros · 2020 — Introdução: A Hipomineralização incisivo-molar (HIM) Dissertação_MIMD_Edna Barros_2019-2020.pdf

    12 Hong et al. Timing of fluoride intake in relation to development of fluorosis on maxillary central incisors; Community Dent Oral Epidemiol 34: 299-309 (2006).

    13 Khan et al. Global trends in dental fluorosis from 1980 to 2000: a systematic review. Journal of the South African Dental Association, 60 (10): 418-421 (2005).

    14 (60) - Ghanim A, Silva MJ, Elfrink MEC, Lygidakis NA, Mariño RJ, Weerheijm KL, et al. Molar incisor hypomineralisation (MIH) training manual for clinical field surveys and practice. Eur Arch Paediatr Dent. 2017;18(4):225–42.

    15 (43) - Ghanim A, Elfrink M, Weerheijm K, Mariño R, Manton D. A practical method for use in epidemiological studies on enamel hypomineralisation. Eur Arch Paediatr Dent.2015;16(3):235–46.

  • As crianças precisam de uma proteção eficaz desde o primeiro dente

    As crianças precisam de uma proteção eficaz desde o primeiro dente

    Estudos confirmam que o flúor tem um papel fundamental na prevenção da cárie. Do nascimento aos 3 anos de idade - A higiene oral deve iniciar-se logo após a erupção do primeiro dente, utilizando uma pequena quantidade de dentífrico fluoretado de 1000-1500 ppm. Dos 3 aos 6 Anos - A escovagem dos dentes com um dentífrico fluoretado de 1000-1500 ppm deve ser efectuada duas vezes por dia, sendo uma delas, obrigatoriamente, antes de deitar. Mais de 6 anos de idade - Escovar os dentes com um dentífrico fluoretado com 1000 e 1500 ppm duas vezes por dia, sendo uma delas, obrigatoriamente antes de deitar.

    As crianças precisam de uma proteção eficaz desde o primeiro dente

     

    1. III Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais – DGS

    2. https://www.dgs.pt/documentos-e-publicacoes/iii-estudo-nacional-de-prevalencia-das-doencas-orais-pdf.aspx

    3. Twetman, S. Caries prevention with fluoride toothpaste in children: an update. Eur Arch Paediatr Dent 10, 162–167 (2009). https://doi.org/10.1007/BF03262678

    4. EAPD - European Academy of Pediatric Dentistry 2009 Guidelines on the use of fluoride in children: an EAPD policy document http://www.eapd.gr/dat/82C0BD03/file.pdf

    5. SCCP - Scientific Committee on Consumer Products of the European Commission https://ec.europa.eu/health/ph_risk/committees/04_sccp/docs/sccp_o_024.pd

    6. SEOP Protocolo de diagnóstico, pronóstico y prevención de la caries de la primera infancia. (Actualizado a Julio 2019)

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