Terapia Oncológica e Saúde Bucal
O tratamento do câncer geralmente inclui o uso de radioterapia e/ou quimioterapia, e ambos podem comprometer a saúde bucal do paciente. Com a previsão de aumento da incidência geral de câncer no mundo nas próximas décadas, como resultado do crescimento e do envelhecimento da população, o que os dentistas precisam saber sobre câncer e higiene bucal?
Qual a relação entre o tratamento do câncer e saúde bucal
Além dos aspectos emocionais e psicológicos do tratamento oncológico, também existe uma enorme relação com a saúde bucal. Ao encontrar um paciente que irá submeter-se ao tratamento, é importante ter em mente as possíveis condições bucais que o paciente poderá enfrentar:
Xerostomia e hipossalivação
A radiação direcionada à cabeça ou ao pescoço pode causar xerostomia ao lesionar as glândulas salivares e prejudicar o fluxo salivar. A saliva é necessária para
- Ajudar a manter um pH intraoral ideal;
- Inibir a desmineralização e promover a remineralização da estrutura dentária após ataques ácidos;
- Ajudar a manter a composição e a função saudável do microbioma oral;
- Portanto, a xerostomia pode aumentar o risco de cárie dentária e doença periodontal do paciente.
Infecções na cavidade bucal
Além disso, a radiação pode prejudicar o suprimento de sangue para os ossos e tecidos na área afetada. Isso faz com que os pacientes tenham dificuldade para se recuperar de infecções ou traumas nos tecidos orais e pode causar osteorradionecrose. Outros possíveis efeitos colaterais da radioterapia incluem perda do paladar, candidíase, necrose dos tecidos moles e formação de tecido cicatricial.
A quimioterapia também torna o paciente mais vulnerável a infecções devido ao seu efeito supressor no sistema imunológico e, como as plaquetas são afetadas, os pacientes também podem correr um risco maior de sangramento descontrolado.
Mucosite oral
Tanto a radiação quanto a quimioterapia afetam as células saudáveis e as células cancerosas, fazendo com que os pacientes desenvolvam mucosite. Apresentando-se como ulcerações, inchaço e/ou sensibilidade do tecido da mucosa, a mucosite pode dificultar a fala, a alimentação ou a deglutição do paciente durante o tratamento. Além disso, as lesões apresentam um risco adicional de infecção para o paciente imunocomprometido, principalmente quando o fluxo salivar está prejudicado. Isso pode fazer com que o tratamento do câncer seja adiado ou interrompido.
Medidas especiais de cuidado bucal durante o tratamento do câncer
Tendo em mente essas possíveis complicações bucais do tratamento do câncer, os profissionais de odontologia devem tomar medidas especiais para proteger a saúde bucal do paciente antes, durante e depois do tratamento do câncer.
1. Educação do paciente
Entre o público em geral, a conexão entre o tratamento do câncer e a saúde bucal não é de conhecimento comum. Assim, em meio ao choque e à preocupação de um diagnóstico de câncer, a higiene bucal pode não ser vista pelo paciente como uma prioridade particularmente alta.
O oncologista recomendará que o paciente agende uma consulta odontológica em preparação para o tratamento do câncer. Essa é a oportunidade ideal para instruir o paciente sobre os possíveis efeitos colaterais do tratamento e a necessidade de uma higiene bucal meticulosa durante todo o processo.
Lembre-se de que nossa orientação é uma das muitas cargas de informações que o paciente estará processando, em um momento emocionalmente desafiador. Considere a possibilidade de acompanhar a visita com um resumo de suas orientações que ele possa consultar quando necessário.
2. Preparação e prevenção
Na preparação para o tratamento, ajude os pacientes a otimizar sua rotina de higiene bucal para ajudar a prevenir a cárie dentária e a doença periodontal. Recomende a escovação duas vezes por dia com um creme dental com alto teor de flúor, como o Colgate OrthoGard, que contém 5000 ppm de flúor. Para pacientes com risco particularmente alto de cárie, você pode considerar a aplicação de um verniz de fluoreto de sódio a 5%, como o Colgate Duraphat, para maior proteção inicial.
Muitas formulações comerciais de enxágue bucal antimicrobiano contêm álcool, que pode ressecar os tecidos moles orais e exacerbar a mucosite e a xerostomia. Em vez disso, recomenda-se um enxaguante bucal com gluconato de clorexidina e sem álcool, como o Colgate PerioGard 0,12%. Seu paciente pode ainda usar o enxaguante Colgate PerioGard Uso Diário, que contém 0,06% de clorexidina e pode ser usado por até 6 meses.
3. Controle dos sintomas
A xerostomia e a mucosite podem inflamar os tecidos moles, tornando a escovação durante o tratamento do câncer uma experiência dolorosa. Para ajudar seu paciente a manter a rotina de higiene bucal, recomende uma escova de dentes extra macias, como a Colgate Slim Soft, que tem cerdas ultramacias, ou a Colgate PerioGard, para ajudar a reduzir o desconforto ao mínimo.
Além disso, os pacientes devem receber orientação dietética para ajudar a minimizar a irritação e a inflamação da mucosa oral. Os pacientes devem evitar:
- Bebidas com cafeína ou gaseificadas
- Álcool
- Alimentos e bebidas ácidas
- Alimentos picantes
- Alimentos com texturas secas, ásperas, crocantes ou duras
Por último, não se esqueça de recomendar check-ups frequentes
Por fim, explique ao seu paciente que doenças como a cárie dentária podem progredir muito mais rápido do que o normal durante o tratamento do câncer. Os check-ups regulares nos dão a oportunidade de detectar problemas precocemente, prevenir complicações mais sérias e evitar interrupções no tratamento do câncer.