A entrevista motivacional (EM) pode ser uma ferramenta poderosa na Odontologia para melhorar as nossas capacidades de comunicação. As mensagens de saúde oral que temos para oferecer aos nossos pacientes podem, por vezes, tornar-se monótonas e não centradas no paciente. A EM é um método de aconselhamento que envolve o reforço da motivação interior do paciente para mudar.
Para seguir, temos quatro princípios, representados pelo acrónimo RULE:
- Resistir ao reflexo de correção;
- Compreender as motivações do paciente;
- Ouvir com empatia;
- Capacitar o paciente;
A entrevista motivacional é diferente para adultos e crianças?
É a mesma abordagem, com a aplicação dos mesmos princípios, mas tendo em conta as motivações tanto da criança como dos pais/tutores presentes. As crianças devem ser reconhecidas como consumidores de saúde por direito próprio e não deve haver tantos obstáculos e barreiras para aceitar as suas opiniões. As crianças são conceituadas como um grupo vulnerável que necessita de proteção especial e não como consumidores com uma voz legítima e a sua própria visão do mundo. As crianças podem ser envolvidas, na medida do possível, na discussão sobre o seu tratamento e responsabilidade.
Dica para os recém-formados para motivar seus pacientes
Continue a trabalhar no seu ofício, encontre modelos entre os seus colegas e partilhe experiências e estudos de caso. No começo de carreira, é importante refletir sobre o que funcionou e o que não. Lembre-se que cada paciente tem suas motivações. Utilize perguntas abertas para explorar o máximo possível e dar aos pacientes a oportunidade de exprimirem as suas opiniões sobre a sua saúde oral
Lembre-se, você faz parte da mudança!
A Entrevista Motivacional é um método eficaz, centrado no paciente e colaborativo, para conseguir uma mudança comportamental positiva e melhorar os resultados da saúde oral dos seus pacientes. Apesar de ser uma intervenção breve, pode melhorar a relação dentista-paciente.
Para isso, aposte em uma escuta reflexiva, afirmação e reconhecimento das razões para mudar os hábitos deletérios. A utilização da EM requer tempo e paciência, especialmente quando se trabalha com pacientes de alto risco, mas é uma excelente ferramenta que o ajuda a conhecer melhor as motivações dos seus pacientes e a forma como estes encaram a sua saúde oral.
Sobre o autor:
Christine Murthi é recém-formada pela Universidade de Tecnologia de Auckland. Antes disso, obteve qualificações em farmacologia. Tem uma experiência de ensino/tutoria que abrange mais de dez anos. Através desta experiência de ensino, combinada com a sua formação cultural diversificada, desenvolveu uma paixão pela promoção da diversidade na prática clínica, ultrapassando barreiras de comunicação e estabelecendo ligações com a comunidade. Como membro da Colgate Advocates for Oral Health: Editorial Community, as suas contribuições para a comunidade dentária visam aumentar o interesse pela prática interprofissional sustentável, fornecer uma perspectiva educativa sobre a transmissão de mensagens de saúde oral existentes e trabalhar com comunidades vulneráveis.